Eu rio, demasiadamente, na sua face trêmula, do que tens medo? Nada mais me oprime - sim, eu posso, eu quero, eu vou. Só os mais fortes sobrevivem. Sou mais forte que a sua fragilidade, impregnada de falsos impulsos. Eu rio na sua face. Quem vive? Quem sobrevive? Eu não vou cair. Estagnação pertence apenas àqueles que não buscam. Estagnar-me nunca hei. Estagne-se nessa lama composta pelos restos mais fétidos da sua mente. Dance até que ela endureça e petrifique suas articulações. A névoa te encobrirá como nos campos tomados por manchas da madrugada, certamente ouvirás ecos dos mais longínquos lugares e não conseguirás identificá-los, apenas, estes te atormentarão. Eu rio na sua face. Seguraste o cálice, tomaste o vinho, sinta o sabor amargo das escolhas.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
Gostaria de não saber

terça-feira, 14 de abril de 2009
Os Anjos

Hoje não dá
Hoje não dá
Não sei mais o que dizer
E nem o que pensar
Hoje não dá
Hoje não dá
A maldade humana agora não tem nome
Hoje não dá
Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
Dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça antes de levar ao forno temperar
Com essência de espírito de porco
Duas xícaras de indiferença
e um tablete e meio de preguiça
Hoje não dá
Hoje não dá
Está um dia tão bonito lá fora
E eu quero brincar
Mas hoje não dá
Hoje não dá
Vou consertar a minha asa quebrada
E descansar
Gostaria de não saber destes crimes atrozes
É todo dia agora e o que vamos fazer?
Quero voar pra bem longe, mas hoje não dá
Não sei o que pensar e nem o que dizer
Só nos sobrou do amor
A falta que ficou
(Legião Urbana - Descobrimento do Brasil)
- Realmente, hoje não dá.
terça-feira, 7 de abril de 2009
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
(Ferreira Gullar)
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